Quando eu tinha meus 20 e poucos anos.

“Sempre precisei de um pouco de atenção 
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto.
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.

Esse é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos.”

(Renato Russo)  
Quando eu tinha meus 20 e poucos anos.

Andei pensando sobre essa história de como se vive em uma cidade grande e cosmopolita sem ter medo de morrer, então, pelo menos, seria preciso saber onde levam seus mortos, no mínimo para ficar um pouco tranquilo, tremendo ainda, mas, menos preocupado. Isso é fundamental no meu ponto de vista. Saber onde ficam os hospitais é outro ponto importante. Ninguém quer ficar enfermo e ter que recorrer às farmácias que mais parecem supermercados, com certeza o atendente não irá entender o que você precisa e pelo que está passando. Quer conversar sobre seus problemas, vá se confessar! Além do quê, não acredito nos padres de hoje, nem nos de ontem. E esses atendentes, da farmácia, estariam mais preocupados em vender chocolate e pipoca de micro ondas do que conversar com você. -  Olha aqui piá, vá pra outro lugar não encha o saco!
 E é tão entranho pensar em sentar em frente ao meu computador, deixar o teclado no colo e começar a escrever, ou criar uma imagem do nada no Photoshop, um trabalho de arte digital mais nada. E nada mesmo, nada faz sentido se não temos um pouco de atenção. Pensei nisso lendo essa letra do Renato Russo.  Não estamos livres e, ao mesmo tempo, queremos mudar o Status Quo. Ser livres! O que também pode ser difícil, pois teríamos que trocar de roupa e fazer a barba. Sair do sofá é um problema, prefiro ficar por aqui cantando minhas músicas junto aos meus amigos. Até para gravar um trecho de trilha de áudio, vou chamar alguém que tenha um estúdio móvel, prefiro ficar sentado. Claro que tem o lado estranho, minha barriga está aumentando consideravelmente. Mas acho que isso é o acúmulo dos acontecimentos e de funções, além do mais, estou ficando famoso! Famoso nesta cidade, onde que não sei como morrer. Pensando bem, mais ou menos, agora na minha idade aprendi um pouco mais. Mas eu acredito que ninguém saberia como me enterrar. Isso é certo.  Teria gente chorando e salva de palmas, no mínimo, afinal, escrevi minha história nesta cidade e seria uma falta de respeito não ter pelo menos uma senhora dando escândalo ou declamando minhas poesias. Só espero que, se declamarem alguma poesia que seja uma minha. Será? Fiquei preocupado e se ela escolher uma poesia de Leminski. Nada contra, mas é o meu sepultamento, respeitem ora bolas, que quero uma de minhas poesias.

Essa cidade me mostrou como são os assassinos, eles tem um rosto. Ela mesmo que antes escreveu meu nome nos muros agora corre atrás de mim com uma faca na mão. Será que em toda cidade deste planeta um artista se vê como um marginal? Um marginal vive a margem! Prefiro ficar sentado no sofá, sair corro o risco de ser rotulado como marginal. Agora estou preferindo a poesia de Leminski em meu enterro. Melhor parecer o anti-herói, as mocinhas preferem a barba por fazer. Melhor, vou pegar uma viola “como diz a música” e sair por aí. Quem sabe morro em outro lugar. No mínimo quando voltar, no carro de bombeiros quero passear.

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