Uma exposição em Curitiba de Gerhard Richter

  • 128 Fotos von einem Bild (Halifax 1978) II
    128 Details from a Picture (Halifax 1978) II
  • 1998
  • 64.2 cm x 100.6 cm
  • Cardboard portfolio with cloth cover containing eight offset prints on cardboard coated with varnish
  • Editions CR: 99
  • Abstraktes Bild
    Abstract Painting
  • 1990
  • 62 cm X 82 cm
  • Oil on canvas
  • Catalogue Raisonné: 717-1
   Um artista alemão conhecido como um dos mais importantes atualmente, ainda atuante. Isto no século XX e XXI? Está acontecendo mesmo? Um artista do nosso tempo, sendo idolatrado pela classe das belas, por marchands, por museus, por galerias, dentre outras espécies que cultivam e gostam de arte. Uma espécie de “Elvis Presley” das artes plásticas, um pop, às vezes uma droga, mas quase sempre perfeito. Esta foi a impressão que tive ao andar pela exposição na Casa Andrade Muricy de Gerhard Richter promovido pelo Goethe-Institut e Institut für Auslands-beziehungen (IFA).

   Andando junto à curadora pude ouvir seus passos em direção ao pensamento de Richter, e, percebi enquanto ouvia sua voz, logo a minha frente, fotografias desfocadas que lembraram minha infância, quando, nas frustrantes tentativas, de fotografar alguma coisa e depois na revelação ver que as imagens haviam saído perfeitamente desfocadas, ou mesmo, sem pés, ou cabeças, em que, as pessoas ficavam praticamente de fora e sem qualidade alguma de espécie, pareciam fotos retiradas de uma embarcação afundada a milhares de anos.

Um retrato do que escrevi acima parece aparecer no texto de Nietzsche em Crepúsculo dos Ídolos, que, escreve em um dos textos sobre o Belo e o Feio “No fundo, o homem se espelha nas coisas, ele julga belo tudo aquilo que devolve sua imagem: o juízo “belo” é a vaidade de sua espécie...“, realmente esperei ver algo que tocasse por inteiro, tanto nas fotos que tirava quando criança quanto na exposição de Richter, esperei, esperei e esperei mais um pouco... Nada. Até que em uma das salas, vi várias imagens, juntas uma das outras, compondo o que parecia ser fotos daquelas tiradas por satélite, mas de um ângulo bem menos alto, não era! Eram fotos tiradas de uma pintura a uma distância de uns 30 cm mais ou menos, as imagens eram dispostas com uma margem de uns 2 cm, praticamente uma borda separavam uma das outras.

   Aí pensei. - Grande idéia! Fotografar a pintura e recriar outra pintura, ou... Outra fotografia... Não espere... Impressão offset? Isto foi feito em uma gráfica? Quando li aquela etiqueta fiquei parado pensando, e me perguntei. Como pode ser assim? A pintura que vira fotografia, que é reproduzida, que é digitalizada, e, reproduzida por outro, que é novamente fotografada e reproduzida para este texto e, que pode ser impressa por outra pessoa que se interesse pelo assunto e coloque em seu quadro de colagens que relembram algum fato da vida, e é assim, um Richter, que discute a reprodutibilidade na arte e o gesto de ser arte e estar arte.