Projetos culturais


Vivemos assim, hoje, uns mais perto dos outros, um mais perto de todos. Redes sociais com movimentos, levando a ações instantâneas; projetos cooperados; crowdfunding; e outras cositas mais. Percebemos, nesta atual situação em que vivemos, sempre é preciso uma equipe enorme e cooperada, só assim um projeto cultural é alavancado com uma verdade e uma quase certeza de sucesso. E cada pessoa envolvida passa a fazer parte com sua assinatura e o peso emocional é forte. Mesmo, contudo alinhado, ainda, o projeto irá esbarrar nos egos e conflitos internos de predileção. E o “EU” pode ir de contra ao trabalho. No quente da conversa pode ir tudo por água a baixo. Poderíamos resolver na hora a questão ou deixar passar. O que é um erro deixar passar. Um líder deve questionar e dar abertura para ser questionado? Se ele é identificado como líder deve ser escutado e deverá ter ouvidos para escutar. Mas como controlar as ações movidas pelo impulso explosivo de outros participantes do projeto? Como exemplo, se em uma conversa dois integrantes começam a se socar e os seus temperamentos são diferentes. Importante é apartar a briga? Sempre. Conter os socos e apartar. Entretanto, se um se retirar irritado, por que o líder deixou iniciar a briga, nunca mais voltará, está ferido. Sua alma está ferida. Deixar que a briga tivesse iniciado seria o foco da questão. Neste caso, o processo de liderança (Líder diz: acompanhe-me e vamos fazer juntos.) deixa de existir para dar vazão e execração do mesmo, que, no pensamento deste soldado ferido, este líder não teve competência de dizer um NÃO, ou mesmo, de conter os impulsos de sobrevivência do artista, que, quer acima de tudo ser reconhecido. Fechar o artista com um “não” em um projeto cooperado, fere sua alma e seu coração. O alinhamento entre todos é fundamental, reuniões desgastam e também são fundamentais, conversas todos os dias e mesmo assim falta. E antes de tudo, quando iniciar um projeto seu, deixe bem claro: Ninguém faz nada antes de comunicar. Pois quando tudo der errado, a única lembrança que terão é que você foi o líder e, se tudo funcionar até o final todos tiveram sua parte e foram líderes.
Iniciada uma ação, sobre algo antes estagnado, e agora fomentada por alguém, sem maiores pretensões. Colocado em prática, por ele mesmo, passa a ser um movimento e todos querem “estar dentro”. Outros, que já poderiam vir fazendo, entram na barca juntos, pois, possuem meios ou já estão nos “meios”, protegidos pelas grandes corporações. Por isso, projetos envolvendo Lei de Incentivo ou que são criados dentro de empresas tem maior chance de funcionar, visto que, os problemas ficam ali entre gerentes e funcionários. Ademais, se são criados por uma pessoa benfeitora, ou até mesmo, pensando em um benefício como, o de criar uma empresa e transformar aquele projeto em algo sólido, basta para que este projeto cultural passe a ter um Líder. E se o mesmo deslizar por segundos, será jogado aos porcos. Então, sorte a todos que pretendem de alguma forma iniciar um projeto cultural a partir do nada. Boa sorte mesmo! Vai precisar.
Líderes (se você consegue se imaginar neste papel): Não é preciso ser o melhor escritor, o melhor músico, o melhor palhaço, o melhor ator, o melhor compositor, o melhor técnico de som, o melhor iluminador. Sejam os melhores na vontade de fazer e preparem o rosto. Vem muito tapa na cara!
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Tão linda


Ainda me lembro como se fosse Setembro.
Você andando perdida pelo Doloris, um bar.
De copo em copo encharcado o corpo
Suas cores no cabelo, tão lindas lembram-me ainda.

Eu quero a sorte do poeta maldito
Que rasga a letra escreve na poesia
Desenha a parede repete a imagem de ontem
Criando um outubro tão rubro, rubro.

Vamos ouvir em novembro que ela não voltaria
Nem um conhaque pediu pra tomar nem chorou
Nem sonhar com o dia em que esperou tão vazia
Seu homem entrar pela porta daquele bar, um dia.

Trilha


Eu quero a sorte da poesia
Lançada ao vento em cada linha
Empresta o sol de cada dia
O véu esconde outras trilhas
Devo passar com meu relógio
Deixar a hora me matar
Aperto a seda tão macia
Nos verdes pastos me levar

Eu quero a sorte de um bêbado
Que cai na rua pra descansar
Quero tomar toda cachaça
Com véu de seda suspirar
Devo passar a noite toda
Deixar o medo me levar
Para outro lado dessa linha
Com sorte poesia desenhar

Ataque de loucura vira tortura entre dois companheiros da arquitetura contemporânea do descaso ao consumidor e ao produtor.


Em uma sala bem pequena, mas, com milhares de metros quadrados cerebrais, dois colegas, o Parceiro e o Companheiro se perguntam, vendo outro terceiro fora de foco, que está do bem ao lado. Se percebe? Como chama esse cara aí ao lado? “Eles”. Sim, é o que parece, ele está fora de foco. Bom deixa pra lá, não precisamos de “Eles” nessa conversa. E seguem no bate-papo: Esse cara aí ao lado incomoda... Foi num piscar de olhos e tudo acabou. Estivemos aqui esses dias, fazendo barulho e agora tudo acabou. Deixamos uma fagulha acesa em meio aos debates, e agora acabou. Tão rápido! Mesmo se o vento soprar será difícil ascender, estou achando. Não devemos perder a esperança! (Eu quero!) Seria preciso alguém assoprar.
O Parceiro questiona: Se assoprarem não vão espalhar as cinzas? E de cinzas ninguém quer ficar sujo! Imagine para lavar a roupa? É difícil! E lavar a cara da poeira que levanta, só em casa! Cansei, vou cuida dos meus afazeres matinais, dançar e vestir o vestido que a minha amiga me deixou!
O Companheiro: Volte aqui! Não vá nessa viagem e me deixe só!
Num empurrando, num tropeção, num esbarrão no, “eles” fora de foco. (Que sai se juntando, mas volta firme!) O “Eles” pergunta: Por que fez isso comigo e me empurrou desta forma? O Parceiro nem respondeu saiu ligeiro, nas tamancas, para pensar.
Logo depois o Parceiro chegou em casa, preparou suas vestes bem femininas , colou seu batom e posicionou-se para escrever. Minha resposta a sua pergunta “Eles” é: Bla, bla, bla!
Sabe. Ontem voltamos lá, e ninguém percebeu que estávamos de volta. Alguém disse para mim que, até se lembravam do que fizemos por “Eles”! (- Eu e você fizemos por “Eles”!) Disse-me, falaram, cochicharam pelas nossas costas e que, voltamos aqui para assoprar as fagulhas e nada, nada de ascender uma só chama! E agora? Poderíamos pegar mais gente para nos ajudar? Por quê? Poderíamos invadir as mentes, mas como? Eu quero, ele quer? E “Eles”se enche de ser ignorado e pergunta: E “nós”? O Parceiro rapidamente responde: Nós? “Nós” não existe! Existe é a invasão. Somos poderosos não entende? O “nós” é a invasão é o nosso poder de persuasão!
“Eles” começa a ficar focado e diz: Vocês não tem um objetivo, um ideal como Che, Marineti ou Oswald. Não tem educação, querem entrar sem pedir licença e nem perguntar se querem o que estão fazendo. Tem que pedir? Os dois se voltam assustados. “Eles” volta a falar que, se vão hastear uma bandeira com um Hino e falar de uma nação é bom que esta nação saiba. Ou, no mínimo que estejam com vocês. Se vão falar por todos eles, devem avisar!
Os dois resolvem acabar com a dúvida do “Eles”: Que nada! Se tá por fora, eles nos amam! Precisam da gente.  
Então tá, falou!

Mim quer tocar, mim gosta ganhar dinheiro

Uma das ultimas publicações da Rádio Liga Curitibana gerou um debate, não só dentro do portal, mas também nas redes sociais.Link. Ok! Um pequeno debate! E na verdade o que mais importa é o que estamos discutindo e não quantos estão nesta conversa. Resta saber se, estamos com o mesmo objetivo. No texto, Rodrigo F. do Amaral levanta algumas questões sobre a produção, o oficio da arte, e uma reflexão sobre o processo de venda e divulgação dos trabalhos em arte.
Ângelo Esmanhotto abre a conversa refletindo sobre a educação: “Num disco físico esta o registro de um trabalho. Este trabalho musical pode ser guardado também em partituras, o que é a meu ver muito mais duradouro (tenho tocado música escrita no século XIV). Num passado não muito distante as pessoas compravam partituras para tocar em casa, quando ainda não havia sido inventado o processo de gravação de áudio. A família reunida em volta do piano eram os consumidores/ouvintes de música. Aqui cabe dizer que deveríamos saber tocar algum instrumento.”
Comenta ainda, sobre a difusão musical, antes mesmo da invenção da vitrola, ou, dos mais antigos, como o dispositivo de gravação e reprodução sonora mecânico, fonógrafo de cilindro, inventado por Thomas Edison em 1877. Esmanhotto diz: “Como o mercado de venda de partituras era bom. Quer dizer a única forma de se ter música dentro de casa, sem ter que pagar um músico para executa-la. Produtores/editores fizeram o seguinte, contratavam músicos para fazerem arranjos mais simples de temas de sinfonias ou separavam temas de sonatas e/ou suítes de forma que qualquer pessoa pudesse tocar a música do seu gosto. Exemplo: aquela música do caminhão de gás. Ouvir música ao vivo fora de casa era muito raro. Hoje não.”
E termina refletindo, mais um pouco, sobre os consumidores de música: ” Lembro que eu andava com o disco do Black Sabbath debaixo do braço, era meu jeito de dizer que fazia parte de um determinado público. O disco físico não era só música representava também o meu discurso "sócio-político-cultural", que na real era promulgado por pessoas distantes, artistas que viviam uma realidade diferente da minha, eu é que insistia em possuir os mesmos valores. Não sei por quê?? Um discurso importado pela mídia? Aqui entra o eu ouvinte.”
Dabliu Júnior, compositor e economista, abre outro debate sobre os processos de industrialização e comercialização. Sobre o funcionamento de mercado, popularizado pelo francês Jean-Baptiste Say e, logo depois contesta a teoria com outro economista: “Rodrigo Ferreira Do Amaral, adorei a reflexão. E a partir dela, acho que posso contribuir um pouco com mais ideias pra que possamos pensar juntos. Primeiro, faz sentido a incorporação da lei econômica "a oferta cria sua demanda", que os economistas chamam de Lei de Say, e é o pensamento que atualmente tem sido incorporado pelos meios de produção da música. No entanto, na história econômica já tivemos provas que a Lei de Say está errada, a partir da crise de 1929, quando o mundo teve seus estoques abarrotados, principalmente os EUA que viviam algo que podemos traçar um paralelo com o que vemos hoje: uma aparente "crise" acontecendo, as prateleiras cheias, as pessoas desempregadas, e o governo com o que era a lei macroeconômica da época: nada se deve fazer porque o mercado se auto regulará (liberais). No entanto, em 1938 surgiu uma obra que revolucionou a economia, a "Teoria Geral" de Keynes, que mostrou que não era a oferta que mandava na economia no curto prazo e sim a demanda! Eis o erro que fez o mundo e principalmente os EUA ficarem estagnados por quase 10 anos!! E agora isso se repete. Se temos um problema de demanda, ou podemos esperar a euforia passar, ou fazer como os velhos amantes do vinil têm feito, e mostrar o maravilhoso mundo dos discos físicos: o ato da compra, os encartes, saber quem fez o que, isso tudo é mágico. No entanto, isso, que parece uma reflexão otimista, pode esbarrar em outra variável: será que as pessoas em geral, o público médio, busca esse tipo de satisfação musical? Será que ele acha que o legal da música é essa imersão na obra de arte que é um disco, e absorve-lo nos mínimos detalhes? Ou será que o mp3 só trouxe à tona a mediocrização na hora de ouvir música, consumir música por osmose e sem qualquer apreço especial? Voltemos à reflexão...”.
Rodrigo: Não se limitar a teoria e aplicar um modelo de processo para construção de uma marca ou produto (musical e artístico). Partindo do pressuposto que, precisa-se de consumidores (público) e que se deve construí-los. As duas argumentações filosóficas baseadas na história, tanto do Esmanhoto quanto a do Dabliu Junior, abrem algumas questões fundamentais: Educação em primeiro lugar, dever do Estado, defendido por Ângelo. E a do Dabliu que levanta sobre o consumidor atual que, hoje, espera as coisas caírem em seu colo. O que poderia defini-lo como medíocre. Um consumidor que não questiona e nem reflete sobre o que consome em arte. Vai pela moda! A massificação da música!
Devemos lembrar, aqui também, que a arte está em movimento. Será que não somos nós que ditamos a regra sobre a produção em arte? Será que estamos iconizando verdadeiramente e, com um conteúdo forte e embasado? Será que a massa não prefere a facilidade, em vez de usar o cérebro? Os artistas caíram no abismo emocional e financeiro para “sobreviver” de arte?
Segue mais algumas problemáticas e acreditamos que devem ser respondidas, pois queremos o mesmo denominador comum!
Confira o trabalho do Ângelo Esmanhotto:
E do Dabliu Júnior: Aqui

Para o compositor: Será que deve editar um CD físico?

Tenho uma análise sobre a produção de discos e CDs, para os amigos musicais e pode fazer certo sentido para alguns. Espero que seja relevante e contribua para uma reflexão. Quando cavamos um buraco na beira do mar, a todo custo queremos deixar mais fundo, tirarmos mais areia e, sem sucesso não avançamos; quando não, o buraco fica mais largo, a maré invade e volta tudo como antes. Comparo o objeto de arte e a fruição do pensamento, sobre ele, comparado ao “fazer um buraco na areia”. Somos humanos, e precisamos, sobretudo, voltar e buscar no âmago o desejo de cavar, busca no ofício e na reflexão. Existe ainda, contudo, o papel da memória, a lembrança, onde, sentimos outra necessidade dentro de outra ainda, e precisamos voltar a cavar nossas memórias. Tudo para retomar esse antigo desejo, em que, queremos chegar a um novo lugar, mesmo que, sem fim. Assim é a arte no meu ponto de vista.
Minha proposta, para este texto, tem como foco da produção de discos e CDs. Mas antes, desenrolo o fato a existência de dois tipos de artistas, que em ambos os casos se beneficiam ou sofrem com essa questão. Vou nomeá-los de: Os artistas funcionais, aonde, à função, ao fim pratico e os artistas migrantes, desconfortáveis, que se deslocam no tempo e espaço. Cada um deles será tratado de forma diferente aqui. Mas antes, pretendo comentar um pouco sobre a produção fonográfica destes artesãos interneticos.
Atualmente o artista ultrapassou o limite da produção e do fechamento do trabalho. Está no controle de tudo, até, de quem está ouvindo sua música. O que é interessante e pertinente em certos aspectos. Saber quem nos ouve e quem gosta do que estamos fazendo, na maioria dos casos é fundamental! Cria-se uma ligação entre o criador e seus discípulos (ouvintes). Com todo respeito aos fãs, mesmo por que, são eles que proporcionam nosso dia a dia árduo. Agora, se, como artistas, somos abastados ou temos uma forma de sobrevivência, melhor ainda. Liberdade é tudo! Mais fácil se torna a vida e temos mais tempo para estudar e sermos melhores músicos, compositores, cantores, atores, artistas visuais, fotógrafos, etc. No entanto, para muitos outros, não tão abastados, e que, pretendem viver de seu trabalho em arte, e não é fácil. Ainda mais, enquanto somos vistos como segunda opção no olhar do contemplador (ou, ouvinte), preferindo este, o mundo natural. O que, certamente é maravilhoso.
Então, temos aí, a abertura de mais uma problemática: O contemplador. Esse, muitas vezes, acostumado agora com o surgimento das coisas a sua frente. O que é proposto pela mídia de massa e ele aceita sem questionar. Casos também das redes sociais, onde, um indivíduo pode se tornar o condutor de um processo imbecil em que vários indivíduos o seguem, tomando-se ele um idealizador, como seus seguidores. Estes muitas vezes o seguem cegamente.
A tecnologia computacional permitiu o surgimento de novos processos de comunicação e de produção, onde, cada artista tem o controle de tudo o que produz. Até mesmo, depois da suposta finalização do processo de criação (artista migrante), desconfortável ele ainda se sente. Permeado pelo comunicador digital, abre assim, uma possível insegurança e medo de ser criticado pelos outros! Temos um dilema para os dois tipos de artistas.
Gostaria agora de falar do mp3 e de sua livre distribuição pela Internet. A oferta cria demanda, e é assim que os mestres do capitalismo vêm resolvendo suas estratégias mercadológicas e financeiras. Entretanto, e sempre, geram-se conflitos; não é regra, mas geralmente, para o mercado das artes e da música isso irá sempre acontecer. Por parte do criador, se ele tiver um mínimo de compaixão com seu trabalho (artista funcional) e de quem o comercializa o trabalho, e que, normalmente, está sempre com muita vontade e ímpeto de ganhar mais e mais nas vendas. No entanto, e, na maioria das vezes, esse conflito é resolvido com mais dinheiro (artista funcional). Estas verdes notas, que afagam e acalmam os ânimos, comprando assim uma nova alma para este artista. O que, até então, no meu ponto de vista, não deve ter nenhum mal nisso! Afinal, todos nos queremos uma aposentadoria digna. Voltando ao capitalismo. Não temos como negar que existe um propósito, bem claro nesta frase “Existindo demanda cria-se oferta”, expressão "a oferta cria demanda". É a forma mais eficaz de fazer propaganda do seu trabalho sem gastar muito (artista funcional), e a forma mais abrangente (artista migrante) de se deliciar.
“Pirataria não afeta venda de música digital” será que afeta sua vida como consumidor? Será que não serve como uma forma de propaganda para vender nossos discos?
Sempre quis ler alguns livros de Allan Poe, achei alguns exemplares na internet. Bacana! Toda vez que quero ler ele está lá a minha espera, no ipad . Bem cedo, esses dias, eu e minha esposa decidimos sentar nas poltronas aqui de casa e cada um leria um livro. Imagine a cena, lareira acesa um vinho nas taças e a gente brigando para quem iria ler o livro de Allan Poe que estava no ipad, afinal têm somente um ipad. Leia também o blog de André Egg sobre a importância do livro na era digital. Tá eu exagerei! Não daria para comparar com o mp3, pois ele você espeta no aparelho de som e todos se beneficiam em escutar a música. Só tem um detalhe que não foi esquecido por nós acima dos 30 anos de idade. E aquele prazer que tínhamos de ir até a loja no centro de Curitiba, escolher o vinil ou CD, sair com ele comprado, chegar em casa, escutar a música que a gente tanto queria e ainda ficar olhando a produção da capa. Aquele disco virava nosso troféu. Um total deleite! Ontem na Rua 24 Horas, conversando com Alex Gregório do Tio Amantino Trio, ele me lembrou, “você lembra, íamos para a escola com alguns discos na mala, para depois da aula ouvir na casa de alguém? E tinha gente que levava fita K7 para gravar?”. A reflexão está em, como devemos enxergar o papel do disco. Tanto como artistas e consumidores.
O que proponho é uma reflexão! Atualmente, até os artistas fabricados pelas grandes indústrias estão perdidos com essa questão. Lançamos e quando lançamos o CD?

Será que não vou vender meu trabalho?


Tenho uma análise para fazer sobre a produção de discos e CDs, para os amigos musicais e pode fazer certo sentido para alguns. Espero que seja relevante e contribua para uma reflexão. Quando cavamos um buraco na beira do mar, a todo custo queremos deixar mais fundo, tirarmos mais areia e, sem sucesso não avançamos; quando não, o buraco fica mais largo, a maré invade e volta tudo como antes. Comparo o objeto de arte e a fruição do pensamento, sobre ele, comparado ao “fazer um buraco na areia”. Somos humanos, e precisamos, sobretudo, voltar e buscar no âmago o desejo de cavar, busca no ofício e na reflexão. Existe ainda, contudo, o papel da memória, a lembrança, onde, sentimos outra necessidade dentro de outra ainda, e precisamos voltar a cavar nossas memórias. Tudo para retomar esse antigo desejo, em que, queremos chegar a um novo lugar, mesmo que, sem fim. Assim é a arte no meu ponto de vista.
Minha proposta, para este texto, tem como foco da produção de discos e CDs. Mas antes, desenrolo o fato a existência de dois tipos de artistas, que em ambos os casos se beneficiam ou sofrem com essa questão. Vou nomea-los de: Os artistas funcionais, aonde, à função, ao fim pratico e os artistas migrantes, desconfortáveis, que se deslocam no tempo e espaço. Cada um deles será tratado de forma diferente aqui. Mas antes, pretendo comentar um pouco sobre a produção fonográfica destes artesãos interneticos.  Atualmente o artista ultrapassou o limite da produção e do fechamento do trabalho. Está no controle de tudo, até, de quem está ouvindo sua música. O que é interessante e pertinente em certos aspectos. Saber quem nos ouve e quem gosta do que estamos fazendo, na maioria dos casos é fundamental! Cria-se uma ligação entre o criador e seus discípulos (ouvintes). Com todo respeito aos fãs, mesmo por que, são eles que proporcionam nosso dia a dia árduo. Agora, se, como artistas, somos abastados ou temos uma forma de sobrevivência, melhor ainda. Liberdade é tudo! Mais fácil se torna a vida e temos mais tempo para estudar e sermos melhores músicos, compositores, cantores, atores, artistas visuais, fotógrafos, etc. No entanto, para muitos outros, não tão abastados, e que, pretendem viver de seu trabalho em arte, e não é fácil. Ainda mais, enquanto somos vistos como segunda opção no olhar do contemplador (ou, ouvinte), preferindo este, o mundo natural. O que, certamente é maravilhoso. Então, temos aí, a abertura de mais uma problemática: O contemplador. Esse, muitas vezes, acostumado agora com o surgimento das coisas a sua frente.  O que é proposto pela mídia de massa e ele aceita sem questionar. Casos também das redes sociais, onde, um indivíduo pode se tornar o condutor de um processo imbecil em que vários indivíduos o seguem, tomando-se ele um idealizador, como seus seguidores. Estes muitas vezes o seguem cegamente.
A tecnologia computacional permitiu o surgimento de novos processos de comunicação e de produção, onde, cada artista tem o controle de tudo o que produz. Até mesmo, depois da suposta finalização do processo de criação (artista migrante), desconfortável ainda se sente. Gostaria agora de falar do mp3 e de sua livre distribuição pela Internet. A oferta cria demanda, e é assim que os mestres do capitalismo vêm resolvendo suas estratégias mercadológicas e financeiras. Entretanto, e sempre, geram-se conflitos; não é regra, mas geralmente, para o mercado das artes e da música isso irá sempre acontecer. Por parte do criador, se ele tiver um mínimo de compaixão com seu trabalho (artista funcional) e de quem o comercializa o trabalho e que está sempre com vontade e ímpeto de ganhar mais e mais. No entanto, e, na maioria das vezes, esse conflito é resolvido com mais dinheiro (artista funcional). Estas verdes notas, que afagam e acalmam os ânimos, comprando assim uma nova alma para este artista. O que, até então, no meu ponto de vista, não deve ter nenhum mal nisso! Afinal, todos nos queremos uma aposentadoria digna. Voltando ao capitalismo. Não temos como negar que existe um propósito, bem claro nesta frase “Existindo demanda cria-se oferta”, expressão "a oferta cria demanda". È a forma mais eficaz de fazer propaganda do seu trabalho sem gastar muito (artista funcional), e a forma mais abrangente (artista migrante) de se deliciar.
Pirataria não afeta venda de música digital” e nem vai afetar sua vida!