Estamos tão distantes da lua


Outro dia, enquanto passeava dentro do Museu de Arte Contemporânea, fiquei espantado com o número de pessoas que havia lá, percebi isto com o canto dos olhos, num breve momento, tão rápido quando o tema o Voo do Besouro. Voltei e fixei meu olhar a fim de entender melhor o que acontecia. Afinal, podia ser uma reunião de estudantes! Percebi então, que era somente um quadro ultrarrealista. Que chato! Quase uma foto. A perspectiva perfeita e os detalhes nos cabelos ao longe me enganaram os sentidos. Agora entendi, voltei logo à realidade. Ainda bem que estou só, que vergonha deste sorriso idiota, melhor entender o que se passa neste Museu sozinho. Outro dia, havia uma senhora passeando por ali, aí percebi que, tem momentos cansativos por aqui se não apreciamos um trabalho em arte sozinho. Num quadro de um pintor chamado, vou só citar seu primeiro nome, Rafael. Criou-se a seguinte cena;Claro! Fiquei até encantado e vamos ao jogo. Segue a cena: Eu e aquela senhora ficamos em um embate por pelo menos 20 minutos. Ela se aproximava da tela para ver os detalhes e eu me afastava, ela se afastava e eu me aproximava. Assim ficamos por esses longos e intermináveis 20 minutos. Ela não disse nada não me dirigiu a palavra e parecia me olhar pelo canto dos olhos, depois que terminamos o jogo e fomos cada um pelo seu caminho, fiquei pensando. Por isso que, quando o pessoal volta de Paris comenta sobre o Louvre: Não consegui ver tudo em 4 dias; o outro, claro que não! Pensei com meus botões, nem em o ano inteiro conseguiria se for assim como eu e essa senhora. Gostou do quê no Louvre? A Mona Lisa é tão pequena. Tem um monte de gente em cima, difícil chegar perto. E quando chegamos, total decepção! O que achou? Eu esperava que fosse muito maior! A que temos lá em casa, no quarto, um pôster, muito melhor! Claro que entendo, o original é bem melhor! Cof, Cof!

Aos que poderiam comentar: Claro, olha o tamanho do Louvre, não daria nem em 4 dias para ver tudo. Por favor, apreciem a lua, olhem, de dia, bastante para o sol (claro, tem que ser de dia) e depois vão assistir à novela das oito. Acalmem os ânimos que, sua viagem para Paris será maravilhosa e despretensiosa, aproveite cada momento da viagem. Conhecer outras cidades, respirar outros ares é maravilhoso, principalmente aqueles bem poluídos e com cheiro de bolor. Não que aqui não tenha esse cheirinho, tem sim e fugir dele é impossível, nem pense nisso. Talvez se apreciassem mais a lua! Encontrem um lugar que possam fugir do bolor, não questionar tanto a existência humana e não reclamar deste bolor instalado em nosso nariz. Boa viagem! Paris é linda assim como Sorbonne por dentro.

Um comentário:

  1. Conheci o tal Rafael, o pintor que me enganou os olhos esses dias.
    No mesmo Museu, em que a pintura me enganou os olhos e presenciei um monte de gente por lá, conheci o homem que a fez. Figura interessante! Percebi ser um rapaz cheio de entrelinhas. Bem estranho, pois seu quadro mostrava uma pessoa completamente igual àquilo que pintou. Um perfeccionista, quase precisando ser tratado de TOC. Totalmente ao contrário do que imaginei; despojado de chinelo de dedo e cabelos desgrenhados, uma figura!

    Conversamos por um período:
    Rafael: Você gostou do meu trabalho?
    R: Acho que sim! Ele até me enganou.
    Rafael: Como assim? Não me diga que você se sentiu parte dessa construção? Tá perfeito, não? Em que situação ela te enganou?
    R: Pensei que era uma reunião de estudantes.
    Rafael: Pegou, não foi enganado. É uma reunião de estudantes mesmo. Tirei uma foto deste dia e resolvi pintar o quadro exatamente como a foto.
    R: Entendi! Na verdade pensei que o Museu estava cheio de pessoas, teu quadro me enganou neste sentido.
    Rafael: E depois disso você foi para casa pensar melhor?
    R: É, troquei de roupa, coloquei uma bermuda e camisa regata e fui passear no centro da cidade.
    Rafael: Bem isso! Você pegou a essência, queria que as pessoas se soltassem!
    R: Claro, entendi!
    Rafael: Espero que outras pessoas entendam dessa maneira.
    R: Por que você pintou o quadro? Não pensou em ampliar a foto?
    Rafael: Pensei, mas o trabalho e o suor colocado aqui valem mais que uma fotografia ampliada.
    R: Entendi!

    Walter Benjamin se contorceu neste momento. E agora, como vou embora daqui. Se eu fugir pela janela todo mundo vai me ver!

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